sábado, 4 de abril de 2009

História e Cidadania: Por que ensinar história hoje?

História e cidadania
Por que ensinar história hoje?




“Marcelo de Souza Magalhães”



A história do Brasil como disciplina distinta da história da civilização só surgiu em 1895. Caracterizada pela cronologia política e pelo estudo da biografia de brasileiros ilustres, além de acontecimentos considerados relevantes para a afirmação da nacionalidade, cabia a história como disciplina escolar: construir a memória da nação como uma unidade indivisível e fornecer os marcos de referencia para pensar o passado, o presente e o futuro do país.
Foi em meio ao processo de consolidação do Estado imperial que se tornou viável o projeto de pensar a história brasileira de forma sistematizada.
Houve muito questionamento sobre o que e como ensinar história durante muito tempo.
Questionava-se a ênfase dada ao estudo do passado. A história deveria se ocupar, principalmente, com as sociedades contemporâneas. Em anos atrás, se questionava: em relação ao conteúdo criticavam o ensino da história política e sua relação como nacionalismo e o militarismo; em relação à metodologia de ensino, criticavam a memorização excessiva.
Apesar das constantes criticas ao ensino de história, as mudanças só ocorreram a partir da criação dos primeiros cursos universitários voltados para a formação do professor secundário.
Com o alargamento das escolas secundárias, passa-se a se preocupar com o método de ensino.
A disciplina escolar história está relacionada à formação do cidadão e a construção de identidade. Por isso, é constante a disputa acerca do que ensinar e que tipo de cidadão se pretende formar.
No Brasil as propostas continuam a repartir a história em três eixos políticos: Colônia, Império e República e pelos ciclos econômicos: borracha, cana de açúcar, ouro e café. Ordenar o conteúdo por temas geradores ou eixos temáticos é uma forma minoritária.
Quanto aos objetivos, na década de 1990, além de formar cidadãos críticos, há o objetivo de contribuir para a construção de identidade. O autor busca compreender como a história se apresenta nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs).
Os PCNs defendem a permanência da área nos currículos atuais contribuindo para difundir e consolidar identidades no tempo e formar indivíduos para que desenvolvam a compreensão de si mesmo, dos outros, da inserção em uma sociedade histórica e da responsabilidade de todos atuarem na construção de sociedade mais igualitárias e democráticas. Consolidar a identidade e formar individuais críticos, cidadãos, são objetivos comuns nos currículos de história formulados no Brasil da década de 1990.
Nos PCNs, a questão da identidade entra no ensino de história para facilitar o trabalho de construção com os alunos de noções como semelhança/diferença, permanência/mudança, a percepção de que no âmbito do social existem processos múltiplos de pertencimento de gênero, étnico, de classe de grupo social, de estado nacional, etc.)
Segundo os PCNs, o ensino da cidadania favorece a formação do estudante como cidadão, crítico da realidade. Defende a escolha pedagógica pela quais os estudantes possam conhecer as problemáticas e os anseios individuais, de classe e de grupos _ local, regional, nacional e internacional.
O ensino de historia entre outros objetivos, trabalhou a idéia de que o individuo tinha participação política no Estado e nos direitos sociais. Hoje a cidadania enfrenta a questão da inclusão de novos direitos.
Além dos temas tradicionais, os PCNs trabalham com temas transversais, que aperfeiçoa o significado de cidadania.
Garantido o direito de ser cidadão, através dos princípios democráticos os PCNs pressupõem que a educação se comprometa com a dignidade da pessoa humana, a igualdade de direitos, a participação, co-responsabilidade pela vida social.
Adotando os temas geradores, temas transversais, os temas dos PCNs, o ensino de história hoje deve relacionar cidadania e identidade, prevalecendo e respeitando o direito à diferença.
“(...) a escola deve ser local da aprendizagem de que as regras do espaço púbico democrático garantem a igualdade, do ponto de vista da cidadania, e ao mesmo tempo a diversidade, como direito.”




















Resumo feito por Clésia Diamantino















Ensino de história: conceitos, temáticas e metodologia/ Martha Abreu e Rachel Soihet (orgs). _ rio de janeiro: Casa da Palavra, 2003.

Nenhum comentário:

Postar um comentário