quinta-feira, 9 de abril de 2009

*Geovana Sousa Lopes*

Conteúdos históricos: como selecionar?

*Circe Maria Fernandes Bittencout *

A autora inicia o texto pontuando que no tempo atual o professor vem enfrentando uma grande dificuldade ao selecionar os conteúdos históricos e adequá-lo as diferentes realidades escolares. Ela ressalta que para profissional da educação obtenha sua autonomia dentre vários aspectos, ele precise optar em manter os conteúdos tradicionais ou trabalhar com os conteúdos significativos, ou seja, selecionar um tema e trabalhá-lo nos diferentes espaços sociais e culturais que o aluno está inserido.
A autora também aborda aspectos da história, e como o professor pode estar lidando em sala de aula com estas passagens históricas. Bittencout destaca no texto que as propostas curriculares são apresentadas de forma não idênticas, porém com algumas semelhanças aos fundamentos pedagógicos. Outras propostas estão ligadas há um conteúdo visto como tradicional, porém já existam propostas curriculares que estão organizados por eixos temáticos.
Outra reflexão que a autora busca em seu texto tem haver com a complexidade de selecionar os conteúdos, no entanto ela explica que mesmo com as novas tendências curriculares e a ânsia de mudança que os professores tenham, ainda estão presos aos conteúdos que estão atrelados no geral, porém ela afirma que,

A seleção de conteúdos escolares é um problema relevante que merece reflexão, pois constitui a base do domínio do saber disciplinar dos professores. (Bittencout, p. 138).

Os embates em torno dos conteúdos significativos ocorrem primeiro pela impossibilidade de ensinar toda história da humanidade, a precariedade do ensino nas redes públicas e a falta de material didático que atenda esta demanda, mas existe uma discussão positiva acerca desta temática, pois as mudanças no currículo do ensino de história vêm atender as novas gerações, contudo para que o professor esteja preparado para trabalhar as temáticas é preciso domínio nas produções historiográficas.
Bittencout afirma que a discussão sobre a produção historiográfica tem aumentado significamente e renovando os temas. Tendo novas interpretações com os antigos e também introduzindo novos objetos de estudo como da mulher, das crianças, religiões e religiosidade e da relação entre o homem e a natureza etc. a autora chama atenção sobre a produção historiográfica sendo importante para o ensino de história, mas mesmo assim é preciso certo cuidado, principalmente na formação continua do professor, mantendo-o sempre atualizado. Assim o texto implica em discutir as novas tendências da produção historiográfica atrelada as relações de aprendizado no âmbito escolar.
As concepções sobre o objeto de estudo para o ensino de história vêm embarcando discussão em torno de uma prática de ensino que envolve uma gama de temáticas históricas. A história como narrativa é fundamental, pois como afirma Bittencout a história pode ser gerada pelos fatos narrados do passado. Onde o historiador pode reunir documentos ou fatos importantes, ordena-lo cronologicamente e narrá-los.
Na afirmação da autora a historiografia passa por mudanças significativas no decorrer do século XX, passando a disputar espaços com as ciências sociais, principalmente com a sociologia, antropologia e a economia, esta disputa veio para quebrar paradigmas na concepção histórica da época. Para o historiador Ciro Flamarion ao analisar este processo da história, aborda entre anos de 1950 e 1968 duas filiações fundamentais que foi a escola do Annales, introduzida por Marc Bloch e Lucien Febvre e o marxismo, tendências que contribuem até os dias atuais para identificar e explorar a história do capitalismo e fatos como a micro-história até chegar à macro-história.
As duas correntes a marxista e a nova história, para Bittencout veio para aproximar os historiadores dos sujeitos sociais como objetos de investigação da antropologia. Essas tendências servem como base para obrigar o historiador a se reisignificar enquanto pesquisador /investigador, visando outros métodos de estudo como os povos que há séculos foram esquecidos e anulados da história da civilização, povos este que eram considerados sem memória, pois não existia nenhuma escrita desta população africana ou indígena, os mesmos foram incorporados à historiografia através dos relatos orais, lendas, mitos, objetos utilizados por eles, etc. Esta aproximação historiografia x antropologia deu origem a história cultural.
Com a nova história cultural, formou-se uma outra corrente, que permite reconstruir a história política, junção que permite analisar através da história atual, temas políticos, que é a história das culturas políticas, dos regimes e sistemas de governo com as representações de poder introduzido pelo filosofo francês Michel Foucault, onde ele se interessa pelas diversas esferas de poder.
As variadas formas de interpretar a historiografia, partindo da esfera da micro-história, permitem que o ensino de história articule e re-labore, mesmo não sendo uma tarefa fácil o currículo no sentido que parta de uma relação entre micro com a macro-história. Neste sentido a seleção de conteúdos podem se caracterizar com a história do tempo presente, passagem denominada recente ou contemporânea conhecida também como história imediata. Historiadores que pesquisa o presente como parte da história, utiliza como metodologia temas atuais ou debates acerca de um passado muito próximo.
A história imediata e um conceito utilizado para identificar novas formas de pesquisar o passado com temas atuais, ajudando o profissional de história a orientar o seu aluno a identificar conceitos ou fatos ocorridos na história. Fatos do tempo presente corroboram com o ensino de história, no entanto as práticas pedagógicas por professores vêm denunciando uma outra linha que não é interessante para o educando, como frases decorativas: A história é a ciência que estuda o passado dos homens para entender o presente e criar projetos para o futuro, estas frases como afirma Circe Bittencout, tem pouco significado e é repetida pelos alunos na maioria das vezes, em provas e entrevistas, a partir de uma concepção trazida por professores que reproduz em sala de aula afim que o aluno entenda o conceito: pra que se estuda história?
Circe Bittencout além de abordar os métodos para se trabalhar dentro do conteúdo de história, destaca problemas que os professores enfrentam ao utilizar temáticas nos planos pedagógicos, onde existe a dúvida em privilegiar uma história nacional, geral ou mundial ou das “civilizações”, no entanto há sim privilégios, e a história brasileira na atualidade, vem sendo colocada em posição secundária, segundo as verificações feitas nas produções didáticas, em torno das discussões do mundo globalizado.
Outra linha de estudo que vem sido introduzido como um constante desafio para o ponto de vista teórico, fazendo parte da produção historiográfica de vários países, principalmente no Brasil. Resume-se na história regional, inserida nos meados de 70 como uma corrente que tomou proporção a partir da avaliação de processos migratórios e socioeconômicos.
A história regional é uma corrente que propõe um estudo aprofundado que parte de uma dimensão singular e vai de encontro com os conhecimentos sobre a história nacional, além disso, ela serve para a formação da identidade do individuo, ou seja, é utilizada nos programas escolares como norteador do sentimento de pertencimento da cidade de origem do aluno. A autora também afirma que a história regional serve como estratégia política educacional para facilitar intercâmbios e ampliar formas de integração mais sólidas entre países. O MERCOSUL é um exemplo destes acordos, aonde vem procurando implantar projetos educacionais a fim de proporcionar ao estudante a aprender variados idiomas dos países participantes, estratégias que é de suma importância para as matérias de geografia e história, proporcionando ao aluno comparações a nível regional.
No âmbito escolar como pontua Bittencout, outra linha de estudo que tem cada vez mais alvo de discussão e tendo como indicação como um recurso de suma importância para o ensino de história, e a história local, pois possibilita a compreensão do entorno do aluno. Ela ressalta que a história local é ligada ao estudo do cotidiano. Permitindo que indivíduos comuns participem da história relacionando-o com a pluralidade da esfera social.
Um fator determinante para a história local atrela-se ao conceito de memória, possibilitando ao aluno abarcar dentro do seu contexto sociocultural, a conhecer antigos prefeitos, personagens que marcaram determinada cidade, a memória de uma família, festa etc. Bittencout, conclui que a memória não pode ser confundida com a história, pois a memória precisa-se ser evocadas, recuperadas e confrontadas, ou seja, ela é utilizada como uma ferramenta da história.
As correntes apresentadas pela autora Bittencout tem como finalidade trazer para o profissional de história como e pra que se estuda história, através das discussões e embates que a nova história proporciona até os dias atuais acerca da esfera historiográfica, trazendo a tona aspectos que envolvem o sujeito social no processo cultural, econômico, político e social sob influência antropológica, sociológica e histórica.

Experiência do Estágio no espaço não-formal


O tema em que a equipe se propôs a fazer foi memória e cultura, porém ouve um problema, ao escolher o tema no primeiro momento sentamos e fomos discutir qual tema ser trabalhado, então sugerirmos três idéias, a primeira foi inserir um projeto com o eixo memória e cultura do bairro do barro vermelho, a segunda o meio ambiente, a ultima das cogitações foi o alcoólicos anônimos.
Outro ponto que a equipe enfrentou foi à resistência dos moradores e os horários que não batia com a do estágio. Aí veio a idéia de fazer um documentário exibindo as entrevistas, e o reisado, aspecto cultural especifica do bairro que não mais existia.
O primeiro contato que a equipe teve para decidimos qual a festa a ser trabalhada foi com os moradores e alunos da comunidade senhora do Guadalupe, onde ele/as expões sobre os festejos que ocorriam no bairro, principalmente da festa que mais marcaram e ficaram na memória dos mais antigos da comunidade do Bairro do Barro vermelho. Ressaltando que a festa marcante foi o “terno de reis”
Começamos a freqüentar a comunidade, com o intuito de investigar e entrevistar, como era feita a festa. Quando começamos a entrar em contato com as pessoas começamos a perceber a importância que aquele festejo tinha para eles e a insatisfação com que ele/as falavam da nova geração que não dá mais valor ao símbolo cultural que o festejo traz.
O estagio nos espaços não formais também trouxe um aspecto fundamental para nós que foi permitir que colocássemos em prática tudo aquilo que foi aprendido e decorado: O professor de história e demais áreas acima de tudo tem que ser um pesquisador e investigador, e acima de tudo nos percebemos enquanto sujeitos da história, até então ainda não tinha percebido ao longo do curso. Outra contribuição que esta etapa nos concedeu foi conhecer uma Itaberaba, que até então não tinha história e deu lugar a uma cidade com múltiplas histórias tanto no âmbito político quanto no sociocultural. Sendo possível trabalhar em sala de aula costumes, valores e cultura através da história local para uma visão geral da historiografia.
O sentimento que fica é que valeu todos os momentos, mesmo com alguns problemas e também de missão cumprida, pois obtemos naqueles instantes o reconhecimento do nosso trabalho.

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