terça-feira, 7 de abril de 2009

Projeto: AS MULHERES ORGANIZADAS DA CONCIC: EVAS, MARIAS, MARIAS MADALENAS OU SIMPLESMENTE MULHERES?


Ter as duas faces de Eva
A bela e a fera
Um certo sorriso de quem nada quer
(Rita Lee)


APRECIAÇÕES:


O estágio, apesar dos contratempos, mas considerando o trabalho com as mulheres da CONCIC foi significativo. Primeiro porque tivemos oportunidade de nos inserir num espaço onde as mulheres são donas de si, buscam sua independência, mesmo que seja a partir de coisas simples: como cursos profissionalizantes, de bordado, redendepe, de pintura em tecido, etc. Segundo, porque esperávamos uma situação e obtivemos outra no decorrer dos encontros.
No início tínhamos uma falsa noção de que a união das mulheres, em torno de uma associação fruto de uma racha, de outra associação de cunho partidário-político, conforme elas alegam, era resultado mais das relações de poder, de conflitos entre gêneros, e fatos desta natureza. Nossa visão foi deturpada mais ainda a partir da palestra que assistimos onde o tema era a Lei Maria da Penha e seus efeitos na sociedade. Mas não era isto somente o objetivo daquela associação – a luta por questões de gênero.
A partir dos encontros, da tentativa de mostra a mulher a partir de uma ótica histórica, e do fato delas ainda encontrarem em permanente luta para driblar os tipos de submissão impostos pela sociedade e pelos seus pares, passamos a compreender que a luta estar além desta bandeira, pois lutam estas mulheres por questões básicas de sobrevivência, que superam os limites dos lares e a condição natural de ser guardiã da família.
As mulheres da CONCIC nos mostraram que diante da ineficácia do poder público, a união e a coincidência de luta e de interesses giram em torno de questões ditas básicas: direito a ter trabalho, saúde de qualidade, infra-estrutura para o bairro, construção da sede da associação e outras necessidades materiais e urgentes, mas não menos importantes.
A nossa falta de conhecimento e uma opinião já formada nos levaram a criar um estereótipo de mulher organizada, o que causou essa estranheza e uma opinião porquê de não dizer retrógrada, uma vez que muitas mulheres já superaram a luta de submissão. Estão além destas questões, hoje, voltadas para lutas políticas, econômicas, sociais e culturais.
Encerramos o estágio na certeza de que muitas informações importantes ficaram perdidas, que um breve olhar como o nosso, de breves encontros jamais conseguiria captar os meandros, as dinâmicas que fazem parte da história das mulheres da CONCIC e da sua associação. Para nós ficou o desejo de compreender e de investigar um pouco mais. Tanto assim, diante dos encontros, que aos poucos foram avolumando, aumentando o número de mulheres, de várias idades e pensamentos, com seus filhos a tiracolo, onde, após momentos de reflexão, sentimos que as mulheres queriam algo que possivelmente não poderíamos oferecer, tinham talvez outras expectativas... Mas que expectativas seriam essas? O que será que elas buscavam de fato, uma vez organizadas e participativas no Encontro? Perguntas que não podem ser respondidas nos breves e prazerosos momentos que dividimos com aquelas mulheres – que não eram Evas , Marias, Marias Madalenas, mas simples mulheres...de carne e osso, que sofrem e labutam, voltadas para o seu tempo, para as novas expectativas que o dia-a-dia oferecem.


Como foram os encontros
Maria... Mulher Brasileira! Nordestina.
Que com garra e sensatez, decidiu não mais cruzar os braços, diante da impunidade,
mudando assim, o destino de outras Marias...

(Poesia – Maria da Penha)


Os Encontros com as mulheres da CONCIC, conjunto habitacional na saída da cidade de Itaberaba, tiveram como meta, além de outras, destacar a visão distorcida que se tinha da mulher, em especial pela própria Igreja. Onde a figura da Eva, pecadora, de Maria , mãe de Cristo, ser sublime, e Maria Madalena, a arrependida passam a ser modelos de conduta para a mulher de carne e osso.
Mas ser afinal quem? A pecadora, a sublime, um ideal inatingível, ou a arrependida? Esta era a questão. Aos poucos vamos definindo a imagem desta mulher e ao término dos encontros, solicitamos que elas falessem de si, se percebessem. E vamos concluir que não são nem uma ou outra coisa, mas apenas mulheres, com interesses que todos têm, independente de raça, credo, situação social ou posição que se encontra na sociedade.
Trabalhamos com letras de músicas, pois, como forma de estratégia, era um dos meios mais práticos para entendermos o motivo daquelas mulheres se associarem. Exploramos músicas, como Mulheres de Atenas, de Chico Buarque, Mulher, de Erasmo Carlos e Cor de Rosa Choque, de Rita Lee, tudo no intuito de promover debates, opiniões e choques. Sem, contudo, ser estafante e monótono.
Ao fim percebemos o resultado descrito no Relatório de Estágio, citado acima, mas como antes referido, com aquele gosto de quero mais, diante do tempo escasso para compreender os meandros da organização das mulheres da CONCIC...

CURSO: Licenciatura em História - SEMESTRE : 7º - Estágio III - Em Espaços não formais
Alunos (as): Adriana, João, Geusa, Etevaldo e Vanderléia - Ano 2009
Imagem: fonte : disponível Internet - web

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