quinta-feira, 9 de abril de 2009

A transversalidade e a renovação no ensino de História

Diana Silva de Freitas

A educação escolar vive atualmente um processo de dinamização nas suas práticas metodológicas e pedagógicas. Essa dinâmica é fruto dos confrontos travados entre educadores e educando. De um lado, os professores se preocupam em saber se as ações e conteúdos trabalhados em sala estão atendendo e sendo compreendido pelos alunos; do outro lado, os alunos considera que o universo escolar não atende aos interesses do seu cotidiano.
Diante dessas inquietações a educação vem passando por um processo de valorização de suas concepções e orientações para atender as expectativas dos alunos. A dificuldade maior enfrentada pelos professores é de como trabalhar os conteúdos num contexto em que a prática utilitarista predomina, pois em meio a essa os conteúdos são fragmentados e acaba por afastar o interesse dos alunos pelo conhecimento.
O texto transversalidade de José Neto pontua que esta surgiu como uma nova proposta de educação. A transversalidade visa trabalhar os conteúdos a partir de uma perspectiva que atenda as necessidades de identificar elementos comuns nas diferentes disciplinas. A partir da análise sobre a realidade brasileira foram definidos cinco temas transversais que devem ser contemplados nas instituições de ensino, são eles: ética, pluralidade cultural, saúde, orientação sexual e meio ambiente. Estes temas devem ser trabalhados no ensina fundamental e médio visando uma aproximação do cotidiano do aluno com os conhecimentos apresentado pelo professor.
Para Neto (2003) a transversalidade pode ser trabalhada de várias maneiras, as mais comuns são: o trabalho interdisciplinar: esta modalidade é a mais praticada por professores, pois, a partir de um tema os professores apresentam elementos buscando a compreensão a partir de sua disciplina. Porém, o autor coloca que essa prática apresenta uma grande virtude, ela busca englobar todos para obter uma compreensão ampla sobre o tema determinado. Dessa forma, a interdisciplinaridade apresenta algumas dificuldades, uma dela é a fragmentação do tema pelas disciplinas, a outra é a artificialidade ou exagero de informações produzidas e trabalhadas com os alunos: espaço dentro da grade horária: esta prática busca um momento para discutir os temas transversais, em cada semana é reservado um tempo a parte para os alunos e professores discutirem sobre um dos temas transversais. A crítica que o autor faz a esta modalidade de ensino é que a proposta não corresponde às expectativas dos alunos, pois, há uma separação entre a escola e o mundo dos estudantes; as disciplinas como meios e a transversalidade como fim: esta perspectiva de ensino busca aproximar seus conteúdos e práticas escolar para promover a capacidade do aluno a ler e interpretar a realidade, assim, o aluno não vai aprender apenas o conteúdo, mas incorporar reflexões críticas e a aquisição de novos valores. A proposta da transversalidade visa mudar a prática escolar para atender a uma necessidade da sociedade e do aluno.
Boa parte dos alunos considera a História como uma disciplina que trabalha com coisas antigas e que não tem nada a ver com a sua realidade. A transversalidade dentro do ensino de história busca romper com essa visão tradicionalista e cronológica. José Neto aponta duas possibilidades de se trabalhar à transversalidade no ensino de história. A primeira abordagem pode ser feita através de eixo temático, a partir do conteúdo a ser trabalhado o professor pode criar temas relacionados tanto ao conteúdo quanto a realidade dos alunos e a partir desses temas buscarem referenciais que contemple não só a construção de conceitos, mas também a promoção da compreensão sobre o determinado tema estudado; a segunda abordagem pode ser construída por meio de temas ou períodos, a partir dos períodos históricos o professor pode desenvolver novas práticas de interatividade entre o período a ser trabalhado com as inquietações dos alunos, para tanto, o professor deve ter cuidado ao selecionar o conteúdo e o material para que não passe para os alunos a visão de que a História é um fim em si mesmo.
A transversalidade atende há uma necessidade de relacionar os conteúdos ao cotidiano dos alunos, para tanto, pode ser realizada de várias maneiras. No que cabe a História, a transversalidade busca a renovação dos conteúdos a partir de abordagens que promove uma valorização e compreensão dos alunos.

Referência:

História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas/ Leandro Karnal. (org.). – São Paulo: Contexto, 2003.

Nenhum comentário:

Postar um comentário