domingo, 5 de abril de 2009

Experiência do estágio

Comentário sobre o estágio desenvolvido na Casa Esperança de Itaberaba
Cátia Gomes



Mulheres e homens, somos os únicos seres que, social e historicamente, nos tornamos capazes de aprender. Por isso, somos os únicos em quem aprender é uma aventura criadora, algo, por isso mesmo, muito mais rico do que meramente repetir a lição dada. Aprender para nós é construir, reconstruir, constatar para mudar, o que não se faz sem abertura ao risco e à aventura do espírito.
(Freire, 1996, p.68
)



No dia 10 de março de 2009, iniciamos na Casa Esperança - APASCI (Associação Pastoral da Saúde e da Criança de Itaberaba) o nosso estágio em grupo, onde desenvolvemos o projeto “Meio ambiente e reciclagem: uma história possível”, o qual teve como alvo fazer uma oficina de criação de objetos com matérias recicláveis, com o objetivo de possibilitar que as crianças compreendessem a natureza como um todo dinâmico sendo o homem parte integrante e agente de transformação do meio que vive. Para alcançar esse objetivo ministramos duas aulas sobre coleta seletiva e reciclagem tentando mostrar para os alunos as questões históricas que permeiam sobre essas ações, logo após realizamos a parte prática do projeto que foi a construção dos objetos. Porém, o que busco nesse texto não é descrever meu estágio, mas sim expor minhas experiências, as quais foram compartilhadas diariamente com minhas amigas e companheira de grupo: Gilda dos Santos, Inailda Carneiro e Lídia Machado.
Nesse estágio pudemos perceber que ainda encontramos pessoas preocupadas em colaborar com desenvolvimento de projetos educacionais. Desde que procuramos a Casa Esperanças as responsáveis pelo local se dispuseram a ajudar no que fosse possível para que aplicássemos o projeto, inclusive conseguiram um local fora da Casa, já que todos estavam sendo despejados por questões políticas. Contudo, conseguimos um espaço na Maria Lourenço (uma casa antiga doada para a igreja católica para o desenvolvimento de projetos sociais), onde encontramos uma cozinha vazia que tivemos que dá um jeito e transformá-la em uma sala “atrativa” para recepcionar nossos alunos. Ao chegar na sala (cozinha) acreditei que tudo estava perdido e que nunca iríamos conseguir desenvolver nosso projeto naquele ambiente completamente destruído, porém ao lembrar que fomos tão bem recebidas pela Casa Esperança, decidimos que iríamos usar nossa criatividade e transformar o feio em belo, assim fazemos e com isso aprendi que o que importa não é o espaço físico, pois esse podemos recriar, o mais importante é o calor humano e isso recebi desde do primeiro dia que procurei o pessoal da Casa até o ultimo dia de estágio, onde vi em cada rostinho a expressão: “ que pena que acabou”!
Trabalhar com crianças de 4 a 13 anos foi um desafio muito grande para mim, mesmo porque a confecção de objetos exigiu o manuseio de materiais perigosos para crianças, tipo cola quente e tesoura, daí surgiu um problema: os garotinhos de 4 e 6 anos necessitariam de uma atenção maior, haja vista que naquele momento estávamos responsáveis por aquelas crianças e não poderia acontecer acidentes. Mas, como estávamos em grupo o problema foi solucionado, pois deu para uma de nós (estagiárias) acompanhar individualmente a produção dos pequeninos. Mesmo com alguns impasses, foi gratificante ver aquelas criancinhas tão pequenas produzirem objetos criativos, assim também como foi muito prazeroso perceber que todos os alunos conseguiram reconhecer-se como ser agente de transformação do espaço em que vive.
Aventura-me nesse estágio foi uma experiência única que permitiu que eu tivesse contado com crianças de idades e grau de ensino diferente, as quais, durante toda a oficina provaram que educação ultrapassa o âmbito escolar e que educar é bem mais recriar e desenvolver a criatividade que “meramente repetir lições dadas”. Criando objetos com materiais recicláveis os educandos descobriram que é possível, de maneira criativa e divertida, ajudar a combater o processo de destruição da natureza causada pelo homem. E que a reciclagem serve não apenas para despoluir o meio ambiente como também tem servido como fonte de renda de várias famílias, as quais vendem os materiais recicláveis para empresas que reutilizam esses objetos, dessa forma reciclar já é um processo econômico, social.
Contudo, agradeço ao meu grupo de trabalho que suportou todos meus momentos de stress, as funcionárias da Casa da Esperança e algumas do Maria Lourenço que acompanharam todo o desenvolvimento do projeto e as nossas crianças que tiveram sempre empenhadas em contribuir para o bom andamento das atividades.

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